terça-feira, 11 de agosto de 2015

A saudade e as suas fases...

Saudade quando aperta é que nem nó cego que não sabemos nem onde termina ou começa e desfazê-la é uma missão intolerável e penosa, mais que dolorosa, mas necessária. O nó, que as vezes não desata, só se embola dentro de nós, aperta a cabeça, formiga o estômago, congela a garganta, as mãos e o pulmão. São os sintomas mais cruéis que ela nos causa. É a desagradável sensação de querer vomitar a dor e de expulsa-la de nós, porque por dentro ela nos corrói. Saudade é quando nosso coração se contorce e distorce de tanto amor guardado que já não pode mais ser distribuído. Saudade é quando percebemos que o tempo é corrido, que a distância é duradoura e que os dois unidos são desproporcionalmente mal distribuídos na relação tempo X espaço. Saudade é quando estamos cercados de incertezas, vagando pela obscuridade e nos calando com palavras soltas e vãs advindas de um coração adoecido pela falta de alguém. Saudade tem lá as suas fase, mas bom mesmo é quando ela deixa de ser vontade e passa a se tornar felicidade e gratidão pelos momentos vividos. Ruim é a fase que nos sufoca, nos tranca num quarto escuro dentro da nossa solidão. Passada essa fase é que iniciamos um caso de amor com o tempo guardado, as memórias e o cheiro armazenados, a música sentida ou qualquer lembrança que nos faça sentir a graça e esperança de sermos gratos por reconhecermos o quanto fomos felizes. Nesse momento já não aparecem as lágrimas de melancolia pois o peito se preenche de alegria ao lembrar de quem amamos. Não há mais espaço para a dor, o nó foi cortado e em um laço bem bonito a saudade se transformou. Bonito mesmo é ver essa passagem, entender as suas fases e aceitar a nossa dor. 

Por Luiza Rodrigues dos Santos 


Tomara

Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Vinicius de Moraes 



quarta-feira, 5 de agosto de 2015

"Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho..."

Há quem defenda com uma tese firme, argumentos "convincentes" e dogmáticos que estar sozinho é o melhor caminho. Convenhamos que tem lá alguns benefícios, nos momentos instrospectivos necessários para conseguirmos nos publicizar e adaptar aos relacionamentos. É verdade que em algum momento precisamos somente de nós, do som que ecoa aqui dentro e em mais ninguém. Mas veja bem, em um bom relacionamento, diga-se de passagem bem resolvido, não se ultrapassa os limites da intimidade instintiva e natural mediante o respeito à liberdade entre ambas as partes. Desnecessária é a solidão que isola, acomoda e nos retira de quem nos ama e nos quer feliz pelo simples egoísmo de nos acharmos melhor sozinhos e que merecemos permanecer assim, sem mais ninguém. Fraca tentativa iludida de nos falsearmos como seres independentes, completamente autônomos e auto-suficientes. É nessa hora que eu olho para o meu ego e digo: meu filho, baixa a bola! Não vou te dar essa ousadia e essa moral! Eu sei que é exatamente por ele que, por vezes, perdemos amores, ganhamos dores, perdemos amizades, familiares e chegamos até a nos perder de nós. Me desculpem, mas eu ainda não alcancei esse nível de emancipação emocional para dispensar o colo de uma amiga, o abraço da minha vó, um cafuné, uma ligação, um carinho na mão... Não, eu não vivo sem isso! E há quem me diga: nossa quanto apego, quanta dependência emocional. Ainda tenho que escutar: isso só pode ser carência! Se for pra depender do amor serei feliz enquanto viver, até morrer, será sempre o meu bálsamo benigno, seja lá qual for a forma que se manifeste, é dele que eu realmente preciso! No fundo, no fundo somos conscientes das nossas fraquezas enquanto um ser social, sabemos que não conseguimos enfrentar a solidão propriamente dita, a maldita que nos aperta dentro de nós. Gostamos de ser lembrados, queridos, abraçados e mesmo aqueles que são um poço de frieza guardam em sua geladeira disfarçada de coração, ou vice versa, o desejo de sentir-se amado. Todos nós sabemos que "amar é um deserto e seus temores", nem mesmo se eu fosse criada com outra espécie que não a humana, não me sentiria bem só. Amar é bom, difícil mesmo é a solidão! E há quem se sinta só a dois, a três, ou em uma multidão. Nem sempre a solidão aparece só, às vezes ela se instala dentro do nós no meio de uma avenida bem lotada, mas o vazio permanece ali, mesmo diante de uma multidão ou "1 milhão de amigos", há que se duvidar. A solidão habita em sorrisos falsos, em risadas desesperadas, conversas vazias, tempos corridos... Cuidado, ela pode estar ao seu lado! Trate sempre de lembrar que quantidade não é sinônimo de qualidade! Odeio essa agonia e melancolia que ela me causa, é como dizia o mestre, "chega de saudade", a realidade é quem sem o amor não somos nada. Ele pode ser silencioso, pode falar baixinho, pode ser camuflado, metafórico, irônico, pode até não ser bonito, fotogênico ou musical. Seja amor, seja ele como for, que assim seja e permaneça! Seja amor, sem favor, por amor ❤️

Por Luiza Rodrigues dos Santos 
05/08/2015

"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"

Fernando Pessoa