domingo, 6 de setembro de 2015

Na contramão das etiquetas sociais

Certa feita, sentada numa mesa de bar conversando com uma amiga, entretida com suas histórias e aventuras de uma intercambista quase-alemã estávamos  naquela conversa vai, conversa vem até que nos deparamos com a seguinte questão: qual a relação que construímos com o nosso corpo? Penso e estranho as diferentes formas reducionistas de relação e visão que o ser humano constrói com o seu próprio corpo sejam elas opressivas, promíscuas, exóticas, eróticas, odiosas ou até as naturais... Naturais? Sim! Foi o que respondeu minha amiga diante da suas experiências vividas país afora. E me pergunto: por que não?! Há sim quem sinta seu corpo interna e externamente em plena sintonia, livre de modelos e conceitos impostos pelas tendências e convenções sociais. Há quem respeite todas as fases e encare as mudanças como a autonomia que vida tem para se firmar e moldar ao tempo. E então nos questionando sobre a realidade em que vivemos em plena capital baiana, diga-se de passagem multicultural, chegamos ao raciocínio de que nos falta a liberdade de poder migrar em diferentes grupos, com diferentes culturas, vestimentas e ideias sem sermos julgadas como desprovidas de personalidade e autenticidade. Prezamos pela nossa autonomia sem precisar vestir isso ou aquilo, assumir determinada identidade ou nos fidelizarmos à determinada ideologia para poder compactuar com ideias e pensamentos que não devem ser restringidos à apenas um estilo e um olhar. Queremos o direito de ir e vir, o direito de desistir e decidir o que vestir independente do que pensamos. Ao agirmos com respeito à nossa liberdade nos despimos dos nossos julgamentos diante das máscaras, capas e panos que cobrem o corpo humano, pois percebemos que o corpo se vincula à mente na mesma proporção em que o pulmão se vincula ao coração, que o esqueleto se liga à cartilagem e que a pele se prende ao músculo. Depois de muito refletirmos sobre o tema percebo que quebrar determinados conceitos e preconceitos não seria um processo de doutrinação mas sim de conscientização e debate contra os rótulos impostos ao longo processo de colonização e opressão sofrido devido às influências morais européias. Não é uma tarefa fácil descolonizar o pensamento da sociedade diante do sentimento de posse e erotização que condicionou-se à carne. É difícil impor a liberdade sem que possamos senti-la na íntegra, da mesma forma que impor respeito sem ser respeitado não faz sentido algum. Viver livre e viver bem é distanciar-se das opressões sociais por um corpo despadronizado, esteja ele exposto ou escondido. E no final do meu desabafo lhe disse: Ah amiga, devo confessar que nessas horas é preciso aperta o F****** e deixar no alerta.

Por Luiza Rodrigues dos Santos

"Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se".
Lauro de Oliveira Lima


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