domingo, 7 de junho de 2015

Um caso de amor platônico pela felicidade

A felicidade é mestra em nos encher de dúvidas sobre: como, quando e onde? Buscá-la bagunça, atormenta, e nos aperta por dentro com uma força esmagadora que parece que vai comprimir o coração, o pulmão e o estômago ao mesmo tempo. É sempre assim quando buscamos no quintal do vizinho. Nesse momento a ansiedade nos pega de jeito, dá aquele nó no peito pela espera entediante da Senhora Felicidade arrastada e retardada. Será que está vindo no carro modelo 2015, diga-se de passagem completão, que acabei de comprar? Eu realmente espero que assim seja, porque quem sabe desse jeito ela não agiliza a sua chegada?! Será que está na promessa que fiz de largar meu emprego pra estudar artes cênicas? Não, aí já é loucura, e esta não se confunde com felicidade, ter meu emprego garantido é muito mais tranquilo do que pensar em mudança a uma altura dessa do campeonato. Ela só pode estar de sacanagem com minha cara ou está vindo na mega da virada! 

Calma, respira e não pira! Medita, ora e olha pra si. (Conte até 10 respirando lentamente). Olha para o céu e para as estrelas (mais uma vez respirando lentamente). Elimine as suas expectativas, ame a lua, e lembre-se: você pertence à natureza (estou me lembrando exatamente nesse momento das técnicas do curso que fiz para tentar ser feliz). 

Voltando e relaxando, permaneço a me perguntar: onde ela está? Com quem está? Já sei, foi-se embora com aquele traste do meu ex, eu já sabia que a culpa era dele, aliás, sempre foi e sempre será. Mas agora não adianta mais, o que eu preciso é de um novo amor que me devolva o que me foi roubado. Pensando bem, esse caminho é meio complicado, pois ultimamente ando tão amarga que quando escuto o verbo amar me encho de preguiça e dá vontade de substituir o verbo por tomar uns 12 copos de roska, até vomitar, pra não amar e acabar tomando em outro lugar... 

Mas voltando minha gente, eu nunca corri tanto atrás dessa maldita, se duvidar passa por mim sem me dar nem um bom dia ou boa noite, só anda fugindo eu realmente não sei o que eu fiz pra merecer isso! Não é possível, eu vou embora pra Paris, ela deve estar ao lado da Torre Eiffel me esperando ou em alguma ilha paradisíaca. Já sei, Ibiza, com certeza ela deve estar por lá! Às vezes eu penso até que estou descobrindo aí o coração acelera, vai parar quase na boca, dá aquela tremedeira nas pernas, mas de repente ela me escorre pelas mãos. Eis que me encontro no mesmo lugar, parada, em mais um dia de domingo voltando a me perguntar: que dia ela vai chegar? Espero que ela não me apareça no final do mês junto com a fatura do cartão. 

Quer saber? Eu vou numa balada pra ver se eu esqueço dessa enrolada, ou quem sabe até não a encontro por lá?! Se bem que da ultima vez fui embora reclamando do salto, um monte de gente bêbada se esbarrando e só de lembrar daquele aperto de gente me dói nos nervos e na alma. Aliás, só de pensar em escolher uma roupa dá preguiça! Tsc, é melhor não, desisto, deixa pra lá! Vou ficar em casa, assistir um seriado e comer pipoca. Mas vou te contar, pra todo mundo chega, mas pra mim? Eu já pedi à Deus, já fiz promessa à todos os santos e nada! 

E da janela do meu quarto vejo o meu vizinho sozinho, cozinhando e cantando, brincando com o cachorro, rindo de tudo e por nada (não tenho paciência para essas coisas chatas). Eu não sei não, mas isso é coisa de gente doida! Gente certa e centrada faz como eu: fica esperando a felicidade chegar. Enquanto isso eu vou seguindo sorrindo com a minha linda cara de paisagem, fingindo que tudo está perfeitamente bem e tranquilo. 


DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Mario Quintana


07/07/2015
Por Luiza Rodrigues dos Santos




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