Por ela me traduzo, me refaço, me amo, me recrio e constituo. Por ela não me abandono, não me perco nem me esqueço. Por ela permaneço viva, colorida, apaixonada, completamente encantada com o que é viver.
Por ela sofro overdose de amor pelos frutos que consigo gerar. Mas esse tanto de amor quando poupado e encolhido, sem se quer exprimido, se explode e se finda numa eterna hemorragia, pois sinto um aperto no peito graça às forças que tentam nos separar e me arrojam à apagar o motivo pelo qual eu posso traduzir a minha vida e o que sou. Sem ela, não sou.
E então me pergunto: mas por que deixar doer aquilo que te traz amor?
Minha alma artística quando aprisionada chora e sofre, sente-se desperdiçada. Algo sempre me dizia: Deixa-a correr livre e dançar, deixe-a viver, cantar e gritar "VIVA ALMA ARTÍSTICA, VIVA!".
Sinto que enclausurada ela sofre e se entristece. Não posso deixar que sua beleza se perca no vazio escondido, por isso manifesto e protesto aqui em nome das almas artísticas perdidas, luto pelo seu direito de serem vistas e respeitadas, não podemos mais deixá-las mortas. Acordem almas!!! Digam não à sociedade dos poetas mortos, sejamos livres pensadores, intérpretes e criadores da nossa arte que faz parte dos nossos sonhos em vida.
Afinal, o que seria de nós sem a música e a poesia para narrar a chegada das estações e os palpites dos nossos corações? Sem a arte perderíamos a força motriz que nos abriga e nos motiva à admirar e enriquecer a vida. O que seria de nós sem as tintas? Sem as notas, os timbres e sons que nos circulam em sintonia?
Se a arte não falasse seríamos surdos, perdidos no mundo da escuridão, cobertos pelo manto da monotonia, fardados pelo desanimo e pela apatia, bestializados pelo ópio do marasmo. O que seria da arte sem a vida? Qual seria o sabor da vida sem a arte? Parte do nosso instinto de viver é poder expressar a graça de nos enxergarmos internamente vivos, é poder sentir piscar as luzes que nos personalizam como verdadeiros compositores artísticos.
Com ela me permito materializar os meus sentimentos, tenho a certeza de que cresço o meu âmago e floresço a minha imaginação. Com a arte posso fugir do chão como uma pipa quando dança com o vento, posso calar o silêncio lento que provoca a solidão. Posso me refazer, ser, ou não, posso mudar de opinião e até viajar para o espaço. Posso visitar minhas ideias mais loucas, posso viajar para o mundo fantástico e lindo, posso até inventá-lo e ir embora, é tão bom brincar de "faz de conta". Mas com arte eu também posso acordar e ver as desgraças que ocorrem no mundo real. Ela me alivia por me tirar da dor que por ora sentimos ao encarar a vida, mas ao mesmo tempo me balança e me equilibra pois me traz amadurecimento e autoconhecimento para poder enfrentar meus problemas. Nem sempre é a solução, mas será eternamente o meu caminho pelo qual procuro melhorar o que sou.
Nasci com arte, cresci com os seus ensinamentos, casei e jurei amor eterno e hoje sou feliz pois detenho a fertilidade para poder reproduzi-la. Somos hoje uma linda família, com ela criei os meus textos e tenho uma coleção de desejos de como pretendo usufruí-la na minha vida. Minha arte, meu amor, meu refúgio e minha morada, se depender de mim, você sera pra sempre amada.
Por Luiza Rodrigues dos Santos
"Eu nunca pinto sonhos ou pesadelos, eu pinto a minha própria realidade" Frida Kahlo
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